Vestes Novas

A força que desagrega e cristaliza procura o centro humano... apagar o coração...

A força do sorriso de criança, do gesto simples, do sorriso aberto... iluminar sua razão

Há um mundo quadriculado, criado pelo lado humano, para conter as cores de verdade que são gravadas no centro silencioso da tua existência...

Há um mundo expandido - sem norte nem sentido - onde és tu o centro e tudo gira em teu redor...

Amas a ave que voa pelo seu simples pairar, a flor que cresce pela sua cor a irradiar...
O ser humano que abraça pelo seu gesto de paz, a luz que te ilumina por te convidar a vibrar...

O desafio, neste momento, é optar:

O mundo do medo - onde o frio e o gelo te vão cristalizar...
O mundo do êxtase, da luz perene, da vida expandida onde és convidado a criar...

O princípio imóvel, a ondulação eterna, a vida procura-te em cada momento, em cada lugar...
A voz do sublime... sopro subtil - está em teu ser... te chama já...

O desafio está em romper amarras com o passado, olhar confiante o presente que te foi plantado no peito e começar a caminhar...

Lentamente os dormentes olharão os céus e verão luz palpitar...
Compreenderão que a estrela que se levanta traz a luz do Sol no seu brilhar...
Que amou desde sempre até o Sol despertar... que não há noite, nem frio, nem apagar...

Os que despertam lembrarão seu canto e - entre ruas cheias de gentes nuas começarão a cantar...
Suas vestes novas, luz que ecoa, começarão a mostrar... será já tão difícil de negar...

Serão os excluídos, os que pareciam despidos - de posição, lucro ou titulo secular
Que farão ver os dormentes quanto de si ainda há para dar...

E os que já vêm, os que abriram o peito, desbravarão o cimento com sua ilusão: seu vibrar...
Gelo que se derrete, personas que caem... máscaras no chão, casulos de luz a rebentar...

Serão cânticos ou um simples dançar...
Serão vida garridas, novas perspectivas, recriar e começar...

O mundo novo já aqui está... desperta em cada dia que te atreves a sonhar...
A vida nova chegou: em cada ser humano entrou... sementes de esperança começam a despontar...

Não é um tempo, não é um lugar... é a tua vontade, o teu compromisso, a tua forma de te entregar...

Saltas... entre as ondas te levantas... e começas a caminhar...

Vai haver doze que te dizem - vai
Vai haver vinte e quatro que te lembram para parar
Mil à destra que contigo saltem
Outros mil detrás que te levam no ar
Milhares de vozes se erguerão do medo
E o medo dissiparão com sua força de amar...

Alguns serão mão em mão - com um amigo, com um irmão...
Outros, seres no colo, verão crianças de outrora com seu novo brilhar - seres de fogo começando a despontar...

Os papéis antigos a queimar - quem ensina, quem aprende: qual o sentido ao caminhar...
Pois dos corações emergirão línguas de fogo e falarão como os anjos e assim será seu brilhar...

E verão com um novo olhar... as cores, a brisa, a vida... as nuvens no ar a pairar... serão as pontas garridas das suas cores vestidas para o novo mundo iluminar...

Despertamos irmão... irmã... despertamos para ver que - por detrás do pano - somos a própria vida a vibrar...

Saltamos, dançamos... começamos a nos entrelaçar...

Somos luz condensada que se despe das vestes antigas e as novas deixa brilhar