sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Musa a Dourada III - a Voz da Guardiã das eras...







“Musa – nada sabemos – a voz do GRANDE ECO se esvai em nós…
a GRANDE VOZ é apenas audível…
e é o ronco ruído desses do vale
 que se eleva com voz irascível,
que triunfa e subjuga
a própria vida em nós…

Mesclas estranhas
da nossa própria vida
com morte trazida
do outro lado do véu…

Não nos cabe a nós discernir,
quais das partes deveremos curar
 e qual deveremos deixar para sucumbir…

esse é o segredo,
do ANTEGO,
do SERENO…

da VIDA OCULTA
que SABE e se PERMUTA,
em cada sobressalto
se renova e não se imuta

e que nós -
simplesmente
não PODEREMOS
nem DEVEMOS
DEBELAR;

Guardiães da chama,
devemos seguir.

O caminho dos tempos há de fluir
e nós nele estaremos
para de novo plantar:

vida, luz, harmonia: o seu sustento
 – em todo o tempo
e em todo o lugar…


Não está em nós o veneno,
 que traz esta raça
de frio e de medo

 – não está em nós o lutar,
o poder de dominar –

são esses os inimigos
que se vencem
se se deixam
sem vida
por si mesmos
tombar

sem nos revoltar,
erguer
ou lutar:

essas são palavras
vindas de outro tempo…
de outro lugar.

Que alimentam o medo
o sofrimento
e a vil forma
de comandar

Nós somosa vida
feita forma
de si mesma vestida
para nós é o Luar

Esvair-se nas névoas...
regressar à essência...
até
esta praga incerta
a si mesma devorar...

ficara á  avida erma
ficará a terra deserta

Nós
Voltaremos,
de entre os sonhos antergos
revelaremos segredos
Voltaremos
a erguer novos templos,
Voltaremos
a modelar os fundamentos
que entre os despojos
venham a germinar

Voltaremos...
além dos tempos...
a caminhar...

Este é o templo
 – daquilo que é e será -
quando for terminado o tormento
radiante e vivo
de novo nascerá

com ele
 todo o que se mantenha íntegro,
fiel ao juramento de pertença ao que é e será

o que - no silêncio –
pelos fiéis velará

Luzes de entre o nevoeiro
povo antergo e primeiro

retornará

vida que
de novo
surgirá…

Musa – sei o que te perturba…
e vejo como te condenas

a cair entre os brados
de inimigos irados
e os festejos
dos loucos escravos
que se dizem sábios

aqueles que apenas têm em si  podridão
 – da vida que degenera,
 da falta de sentido para a sua solidão
saudade da sua morada eterna...

por serem enxertos oriundos do nada,
vinhas sem espaço na pura chama,
árvores sem raízes neste sagrado chão;


Musa:

A vida te tocou…
e late em ti novo coração…
como é dos tempos,
 e como assim foi desde grande DRAGÃO

- aquele que em todos nós gravou seu nome
e cuja chama é a luz pura da geração …

Esse cuja voz ecoou entre as altas montanhas,
 o que pousou suas asas – sobre as florestas…
 e com o seu sopro as abençoou….

o que fez o mar se erguer...
dançando entre as ondas da vida
e de vida - a terra inteira fez preencher...

Suas lágrimas - alegria
se fazem substância - viva
entre as orlas - crescem as crias...

Vida que prolífera,
paz sem fim…

A mesma VIDA
que nos anima

– a ti…
e a mim…

É o ECO de um coração sem voz…
que palpita na rocha sedente,
na água corrente,

 na árvore que se ergue
e no céu se revela

na luz quente
na luz fria
candente
a que se manifesta e esconde
– no ser de TODOS NÓS…

Foi ESSE
o que beijou as águas,
e entre elas cantou…

o que ergueu montanhas
e seu próprio sangue nelas deixou…

 para que entoem melodia devida
– corações que ecoam silêncio e em silência perspectivam
– esperando o derradeiro dia
– no que despertem como um "corpo só”…

Mas, Musa
– até lá –
será o silêncio a nos ocultar,
será o degradado a se manifestar,
será o ocaso para todo o fiel:

da vida,
da harmonia,
dos cantos dos pássaros
e da sua sintonia
aquela... a que anunciam…”





Oh Musa... como a humanidade futura entendeu mal, a guarda da chama pela espada da virtude e o escudo da coragem tendo fé em quem se é... onde se está... e para onde se vai...



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