sábado, 23 de novembro de 2013

O Regresso do Descoroado - Pt I - o desterro





as luzes 
de verde 
cingidas

nos céus 
cintilando
contando 

histórias perdidas

entre os nossos ancestros
nos tempos
esquecidos
nas lendas que amamos
agora imbuídas

Assim, 
entre o lusco-fusco dos dias
em histórias fugidias
das noites nas que desesperamos
regressará a nós a alegria

um dia

a luz verde
de si mesma cingida

na figura do rei
que desterramos
um dia...

numa noite
evocamos
noite fria...

que agora
se faz dia
e celebramos
em sintonia

e cantamos…
na alegria

até lá fica o tempo
de meditar 
no silêncio
com sentimento

qual a origem
do mal que se avizinha
qual a mensagem
sombria e esguia
que se anuncia

a que drena
hoje em dia
gota a gota
as nossas vidas

e qual o remédio 
e qual a solução
para tão obscura sina

qual a verdadeira força
que habita o coração
e que o coração anuncia

onde o que que a todos toca
desde o céu como uma gota

que quando cai 
a todos toca

transformando-se
fala dentro de nós

e assim vai
de boca em boca

palavra

que a nossa gente
cala 

em cada gesto
se fala
e assim se evoca

no silêncio embala
intensa e clara
oração da criança
que se transforma
e em calma, serena
nos ama

ecoando está
nos nossos tempos virá 
nos profundos pensamentos
nos mais nobres sentimentos

naquele gesto
sem pensar

naquela palavra
que ousamos bradar

naquele amigo
que levas contigo

quando todos dizem
que o deves deixar 

vidas antigas
feitas de novo
garridas, 

enobrecidas
além dos etéreos
ecos de cemitérios
dos que caminham
sem vida

sendo sua
existência
vazia

sua esperança
perdida

nomes
de gentes 
esquecidas

esperando
desesperando
pelo que se anuncia

virtude 
em forma humana 
investida

luz que a treva ilumina
sentido além da vida perdida

uma luz nova
se anuncia
forte e sentida

entre as outras
luzes pálidas
que apagam 
o dia a dia

entre o verde 
floresce
a semente
da esperança 
perene

entre as estrelas
que palpitam puras

entre as mais belas


desce até nós uma

neste dia se entrelaça

um algo 
que ama 
além da dor
um algo
que clama
e se faz 
esplendor


luz que trespassa
a gente que é bassa
que cura a alma
e devolve a esp’rança
e a luz quebrada
a que ilumina
novamente
a vida tombada

e te convida
com a mais fina
graça
te inspira
e assim
é em ti
e no teu coração
imbuída

eis o caminho 
estrelado
daquela 
que vem
do nosso lado

se oculta 
no momento

sente 
e consente
o agravo
o ilegítimo tormento

essa que sabe e vê
e - apesar de tudo - 
em todos nós crê...




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