Entre as pedras antergas, entre os ecos da cervenzas…
das
correntes claras e primeiras…
morou Musa - a dos OLHOS CLAROS…
Terra da terra, vida da vida…
rocha pura que o tempo anima…
e transforma…
em asas de brisa…
em guardiã da memória…
em ancestral…
Ela deu forma ao vento e às árvores despertas que tudo nos
dizem…
segredando desde longe o ECO do Mundo,
sintonia da ETERNA VIDA que a
todos conduz …
Na voz profunda e imponente das águas do grande mar…
que se
esbatem em vagas antigas,
contando as histórias das gerações eclipsadas,
dormentes baixo suas eternas vagas:
ondas amigas para o todo o que com elas fala…
Florestas vedadas…
onde o coração do mundo palpita sem pausa, medo, ou segredo:
exposto o SER para
qualquer ser que se recorde de sê-lo…
Musa suspira…
sobre a alta Montanha o seu coração treme…
desanima…
Pois tudo o que conhece periga…
se esvaindo como a suave
melodia…
entre o tumulto de uma praga…
No vale o barulho se estende…
o clamor do ferro se sente…
os
berros sem pauta desgarram a pedra,
a árvore, a criatura pequena e a grande
montanha…
tudo isto:
por nada
Uma praga…
Os seres homem declinam
– “cor” os chamavam os da língua antiga
-
os da pura chama que o tempo anima;
Inversão da sintonia…
deixaram de procurar e embelezar a
vida
– que todos são e que a todos anima…
Separados estes…
destrutivos na sua dor…
afastam todos os
que comungam da vida
de aceitar a fria quimera
– que já sucedeu e que de novo regressa,
para um novo ciclo de ardor…
refinamento…
renascimento…
é o tempo do crepúsculo que antecede a noite escura
para aqueles em cujo coração já mais não habita o A(MORS).
Os guardiães se retiram…
para o mundo dos sonhos…
as veredas
antigas –
onde nenhum do ruído poderá alguma vez penetrar…
Esse é o caminho do meio,
a porta estreita pela que apenas
podem entrar:
os que sabem a via e a sua sintonia…
aqueles que vêm e vão e
sabem sempre regressar…
para sempre recordando – no seu ser ecoando:
“Este é o mundo do ruído, o mundo do ser perdido…
Elkor já
não se manifesta aqui
– aqueles perderam o rumo e assim vagam –
destruindo o
mundo, a vida e a floresta
– perseguindo a CHAMA procurando a CHAMA controlar”
Mas – que fazer?!
Reclama, ela que é a última dos grandes seres,
que encarnam
a rocha, a água, a vida, a terra…
a
CHAMA e o seu QUERER:
e o guardião das árvores e das correntes viventes
que da
montanha resvalam,
assente com calma
e suspira em lento ademão…
“É o plano das eras…
é o tempo no que as chuvas lavarão o
que antes era…
no que as pedras calarão em silêncio
os ecos que outrora cantaram…
os ecos que outrora cantaram…
e no que seres criança, perdidos da mão
– vagarão pelo mundo procurando
a sua casa…
e
– perseverando –
a encontrarão.”
Mas, algo em seu ser se agita, algo por dentro com viva voz
grita:
– NÃO! –
Todo o amor e primor de eras de devoção:
ferido, insultado,
destruído
por seres máquina que mordem a montanha,
rasgam os véus da floresta,
conspurcam a viva água…
sem mais…
sem coração…
El-Kor…
como contemplar esta via…
sem erguer a chama da vida
em defesa da própria vida
que assim se fez e assim declina e se desfaz:
Por opção…
se ergue o dragão na sua enigmática via…
lembra:
se te ergues, se adormeces
– serás como eles –
lá em baixo:
sem esperança…
A Guardiã não entendia…
e o pastor das árvores,
num relance
– entreviu a triste sina,
desta que estava destinada a ser a última
da estirpe
dos alvos entes que a o mundo velaram,
que suas chamas a rocha modelaram,
cujo olhar deu origem e ser
aos ramos de virtude que pelo mundo se pôde
plantar…
até que se abriu o grande ovo…
e do Nordeste surgiu outro povo:
Um a um,
os guardiães foram esmorecendo…
sua voz se esvaindo
no tempo…
latir da vida ecoando
cada vez mais longe de nós…
E os humanos…
os que seriam nascidos
depois de que o mundo
estivesse sarado
– nasceram no meio da grande oclusão –
na que ferro e fogo se
encontraram
em embate pelo sentido do destino que todos partilhamos
– pela vida
que em nós late
– filhos irmanados de um ser só…
Os do nordeste
– frios e mirrados –
entre os homens
misturados –
neles cruzados e entrelaçados:
pelas suas frias artes geminados
– assim se não puderam rejeitar:
Começava a era do espanto,
o tempo do negro pranto…
onde os
guardiães se ficavam
– contemplando ao longe as obras macabras –
de mãos,
vontade e esperança atadas…
pois os filhos da luz não mais poderiam ajudar…
El-Kor se finava..
entre os berros dos que ainda lutavam…
e
os urros de triunfo destes
que nada respeitavam
a não ser a comum vontade de
ter…
PODER;
E os guardiães calaram…
sua voz deixaram…
entre as pedras,
as árvores…
e o grande mar…
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